Ansiedade – Como lidar com esse mal-estar contemporâneo?

Como podemos, afinal, definir o que é a ansiedade? A ansiedade não é nada além de uma manifestação do nosso instinto de sobrevivência.

Nosso cérebro envia um comando para que o nosso corpo realize uma descarga de adrenalina que nos fará agir como se estivéssemos diante de algum perigo do qual precisamos fugir. Trata-se de uma reação biológica natural e instintiva, que dispara uma espécie de “alarme” quando o cérebro percebe que o indivíduo está sob algum tipo de ameaça ou situação desconfortável.

No tempo dos homens da caverna, com a vida posta em perigo constante, essa reação comportamental era muito útil, mas e nos tempos atuais? Como lidar com as situações em que não estamos diante de perigos reais, mas em que o nosso cérebro processa como se fossem? Como lidar com esse mal-estar contemporâneo? É sobre isso que quero falar.

Sabe aquela sensação de dívida com o tempo, de que você está “devendo” e precisa correr atrás de algo, ou que precisa escapar de algo que está o(a) afligindo? Esse sentimento está, geralmente, associado à preocupação excessiva com o futuro e ao medo de que alguma coisa possa sair do controle e acabar dando errado. Costumo dizer que ansiedade é excesso de futuro. O padrão mental do ansioso é o de controlar cada passo seu e dos demais, como manobra para evitar surpresas ruins. Ser “controlador” é uma característica que ajuda a definir a maioria dos ansiosos. Se vivessem e deixassem viver, certamente a angústia da frustração e do medo seriam menos presentes.

As pessoas, nos dias de hoje, convivem com baixa qualidade de saúde emocional, habituadas a sintomas físicos associados à condição psicológica, como se fosse natural sentir regularmente:

✔ Dificuldade para respirar e/ou falta de ar;
✔Suor excessivo;
✔Tontura;
✔Tremores;
✔Batimento cardíaco acelerado;
✔Fantasias de catástrofes recorrentes;
✔Insônia;
✔Falta de apetite ou excesso, dentre muitos outros.

Quando o indivíduo está ansioso, uma onda de hormônios é disparada, fazendo com que a pessoa entre em um estado de “luta-fuga”, que prepara o corpo para uma reação de defesa e na maioria das vezes as principais sensações físicas decorrentes dessa condição de medo associada à ansiedade são as citadas acima. Todos esses sintomas são resultantes de um padrão de comportamento que se inicia no terreno da imaginação e o corpo “paga a conta” que a mente criou.

Apesar de poder ser parte de um quadro patológico, a ansiedade não é uma doença orgânica pura, que tem origem apenas em disfunções hormonais. É, sim, o resultado de um estilo de vida associada a uma visão de mundo. A maneira como você interage com as pessoas, pensa, come, dorme e encara mentalmente as questões da sua vida podem aumentar ou diminuir seus níveis de ansiedade. Não é recomendável um tratamento dos sintomas físicos decorrentes da condição psicológica sem que seja tratada a mente geradora dessa visão. Medicamentos psicotrópicos, ainda que receitados por profissionais médicos, poderão ajudar, mas, sem transformação pessoal, serão apenas paliativos. Comparando, é como se estivéssemos com uma espinha no rosto e colocássemos uma maquiagem para sair. Conseguimos algumas horas sem precisar nos preocuparmos com aquele “problema”, mas, quando voltamos para casa e tiramos a maquiagem, a espinha continuara ali. Por vezes, ainda maior.

A boa notícia é que a ansiedade não é uma condição totalmente ruim. Quando sob controle, é muito importante para o ser humano, como já dito anteriormente. É um instinto de sobrevivência que permite que nos preparemos e nos planejemos para lidar com determinadas situações. As sensações físicas ocorrem de forma instantânea e, caso não haja perigo real, o sistema nervoso começa a retomar sua condição normal e o indivíduo se acalma.

No entanto, se a ansiedade acontece de forma repentina, sem motivo aparente, sensato e sem que haja alguma situação de perigo real, ela se torna intensa e duradoura, passa a atrapalhar as atividades cotidianas e a rotina, causando um prejuízo social real e, assim, caracterizando um distúrbio.

Se momentos de desafios do seu cotidiano normal, no trabalho ou na vida pessoal começaram a dar sinais de desprazer ou sofrimento, é provável que esteja na hora de procurar ajuda profissional. Sentir alguma ansiedade é normal, mas quando ela passa a ser persistente e fora de seu controle, recomendo marcar uma consulta médica com um psiquiatra e/ou psicoterapeuta para tirar dúvidas e entender sua condição psicológica atual. A terapia com um psicólogo pode ajudar o paciente a entender os fatores do dia-a-dia que desencadeiam a ansiedade, reduzir seus sintomas e reorganizar mentalmente os eventos que o levaram a desenvolver este problema.

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